Escuto
Escuto, atentamente.
Relevo e revelo as minhas importâncias.
A partilha preenche o meu ser, empurrando os pesos para um canto, arrumando a casa com pormenor e devoção.
Fico quase arrumada, quase. Falta cuspir as sementes que perduram que, teimosamente teimam em ficar em pendência, fazendo-me ter a certeza de que mais cedo ou mais tarde em plena metamorfose aparecem em caules e egoisticamente me preenchem de novo, deixando-me muda e surda.
Gostava de conseguir gritar, de libertar a voz e a palavra que me parece sempre tão enrolada.
Sinto-me pairar, leve, levezinha.
A loucura invade-me o corpo num formigueiro crescente.
O excesso é por vezes tão lógico e a lógica tão passageira...
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